Foge, corre mais longe,
Onde olhos não a verão,
A água que vaga.
"PapuszaPapusza,
nome cigano de Bronislawa Wajs, que significa “Boneca”.
Papusza era uma cigana polonesa nômade, nascida no início do século XX, que integrava uma caravana (Kumpania) de harpistas.
Ela, transgredindo as regras, aprendeu a ler e escrever escondida e, em 1949, teve seus poemas descobertos e traduzidos pelo poeta Jerzy Ficowski. Papusza escrevia e cantava sobre suas vivências.
Ela deu um testemunho imperioso sobre o porraimos (a devoração), extermínio dos ciganos nos campos de concentração nazistas, e sobre a vida escondida nas florestas durante a guerra na longa balada intitulada
“Lágrimas de Sangue: tudo o que passamos sob o domínio alemão em Volhynia nos anos 43 e 44”.
Como em todas as canções ciganas, a nostalgia era um tema recorrente nos poemas de Papusza: “Ninguém me compreende,/Só a floresta e o rio./Aquilo de que falo/Passou, foi embora,/E levando junto todo o resto.../E os anos de juventude.
”Ficowski apoiava o assentamento dos ciganos e utilizou os poemas de Papusza como propaganda.
Papusza foi acusada, pelos ciganos, de ter colaborado com um gadjo e foi julgada por Baro Shero, a mais alta autoridade dos roma.
Foi declarada mahrime (impura) e foi condenada a exclusão do grupo.
Depois de alguns meses internada num hospital psiquiátrico, ela viveu trinta e quatro anos, até a sua morte em 1987, sozinha e isolada.
Ao contrário do estereótipo romântico do espírito livre, a lei cigana é severa e proíbe a emancipação dos indivíduos em favor da preservação do grupo.
Papusza foi condenada à morte em vida sem direito a perdão.