quarta-feira, 17 de junho de 2009

Oração aos 7 Ciganos

Sete Ciganos!
Que eu possa olhar a estrada de terra batida, as pedras do caminho e sentir vossas presenças.
Quando me sentir só que eu possa olhar para as árvores da estrada e sentir através de leve aragem as vossas forças.
Que na minha tristeza eu escute o som do violino cigano, através do canto dos pássaros que se torne impossível eu ficar impassível porque é a vossa música dizendo que estais junto de mim. Que eu possa ir as montanhas e campos e descubra a beleza da natureza e sinta o maravilhoso poder de Deus se fazendo presente.
Que eu possa deixar o orgulho, a tristeza, as decepções e obstáculos na terra, pois nada mais existe perante toda essa festa de cores, toda essa luminosidade que vem do arco-íris e representa as irradiações dos sete ciganos.
Que eu me sinta purificada neste ritual de cores e beleza.
Feliz e vitoriosa com a presença dos 7 ciganos na minha estrada.
Que assim seja!

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

Sim!Eu sou cigana

Minha alma dança ao som de um violino.
Meu coração pulsa nas batidas do pandeiro,meus pés sapateiam ao som das castanholas!
Sim!Sou cigana de alma nesta vida!
Fui cigana em outras vidas!
Mora dentro de mim a alegria cigana que só quem tem sabe como é.
Vive comigo um povo que me traz luz e me guia.
Sim sou cigana!
Ao contrario do que o tolo preconceito diz..
.EU SOU CIGANA!!!
Amo ser cigana!!!
Me sinto cigana em todas as horas e minha alma cigana vibra em violeta,rosa ,lilás...
Tenho um arco íris no coração!
Amo o sol,amo a lua,a mo a natureza.
Louvado seja o pai maior que nos concedeu tantas belezas.
Sou cigana sim!
Meus olhos têm o brilho dos cristais.
Minhas mãos carregam a magia .
Tenho Santa Sara me cobrindo...
Claro que sou cigana!
Minha alma cigana é livre,é feliz,é de paz!
Salve o povo cigano dos meus caminhos!
Salve Santa Sara Kali!
(ArtBraga)

terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

Costumes Ciganos

Tradicionalmente, os ciganos levam vida nômade, deslocando-se em grupos de tamanhos diversos, compostos por um conjunto de núcleos familiares mais ou menos extensos, sob a liderança de um chefe vitalício escolhido. A maioria dos ciganos, até poucas décadas atrás, ainda formavam caravanas puxadas por cavalos; abrigavam-se em tendas, pedreiras e minas. Em fogueira, ao ar livre, cozinhavam seus frangos, ovos e vegetais. Seus alimentos, afirmam os comentaristas mais críticos, eram "quase sempre roubados, já que eles não plantam, nem criam animais para o abate". "Sua profissão é a mentira", diz Cervantes. "Mas há uma lei cigana que proíbe roubar... alguém mais pobre."Viviam principalmente da criação e comércio de cavalos, do artesanato em metal, vime e madeira, e das artes divinatórias, como cartomancia e quiromancia. A música dos ciganos, executada em público apenas pelos homens, permanece muito popular e é uma atividade rendosa na Europa Central.

Cigano de "ontem"Primeira metade do sec. XX - França
www.casadei.fr


Violinista ciganoRepública Tcheca
www.slunceveskle.com

Não abandonam a quiromancia, embora professem a religião dominante no país em que se instalam. As adivinhações têm terminologia própria e algumas vezes utilizam as cartas como acessório. Através dos ciganos, o baralho (tarot) foi difundido pela Europa. Assimilam facilmente as artes do lugar onde habitam, em especial a música e as danças folclóricas. Interpretam-nas com um estilo próprio, que inclui o uso do violino, seu instrumento por excelência.Cada grupo tem um chefe natural, escolhido, não-hereditário.
Na família, o membro central é a mãe, que exerce autoridade sobre os filhos e é dona do patrimônio.O mesmo sistema se aplica à tribo, que tem uma mãe tribal, a puri dai, guardiã do código moral. Os infratores são julgados por um júri de "condes". E, nos casos mais graves, a pena é o banimento da tribo.Alguns estudos dão nuances diferentes da organização social dos ciganos, possivelmente em razão da diversidade dos grupos estudados. Quanto à posição das mulheres dizem que "segundo os costumes ciganos, as mulheres devem subserviência aos homens, e as mulheres casadas sempre usam um lenço para cobrir a cabeça".
Postado por LUNA CIGANA

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

Os ciganos e a Deusa Mãe

Paulo Coelho - escritor
Uma vez por ano, ciganos de diversas partes do mundo se dirigem até Saintes-Maries-de-la-Mer, no sul da França, para homenagear Santa Sarah. Segundo a tradição, Sarah era uma cigana que vivia em uma pequena cidade à beira-mar quando a tia de Jesus, Maria Salomé, chegou ali com outros refugiados para escapar das perseguições romanas. Sarah ajudou-os, e terminou convertendo-se ao cristianismo.
Na festa que pude assistir, peças do esqueleto de duas mulheres que estão enterradas debaixo do altar são retiradas de um relicário e levantadas para abençoar a multidão com suas roupas coloridas, suas músicas e instrumentos. Em seguida, a imagem de Sarah, vestida com belíssimos mantos é retirada de um local perto da igreja (já que o Vaticano jamais a canonizou) e é levada em procissão até o mar através das ruelas cobertas de rosas. Quatro ciganos, vestidos com roupas tradicionais, colocam as relíquias em um barco cheio de flores, entram na água, repetem a chegada das fugitivas e o encontro com Sarah. A partir daí, tudo é música, festa, cantos, e demonstrações de coragem diante de um touro.
É fácil identificar Sarah como mais uma das muitas virgens negras que podem ser encontradas no mundo. Sara-la-Kali, diz a tradição, vinha de uma nobre linhagem e conhecia os segredos do mundo. Seria, no meu entender, mais uma das muitas manifestações do que chamam a Grande Mãe, a Deusa da Criação.
Cada vez mais o festival em Saintes-Maries-de-la-Mer atrai gente que nada tem a ver com a comunidade cigana. Por que? Porque o Deus Pai é sempre associado com o rigor e a disciplina do culto. A Deusa Mãe, pelo contrário, mostra a importância do amor acima de todas as proibições e tabus que conhecemos.
O fenômeno não é novidade: sempre que a religião endurece suas normas, um grupo significativo de pessoas tende a ir em busca de mais liberdade no contato espiritual. Isso aconteceu durante a Idade Média, quando a Igreja Católica limitava-se a criar impostos e construir conventos cheios de luxo; como reação, assistimos o surgimento de um fenômeno chamado "feitiçaria", que apesar de reprimido por causa de seu caráter revolucionário, deixou raízes e tradições que conseguiram sobreviver todos estes séculos.
Nas tradições pagãs, o culto da natureza é mais importante que a reverência aos livros sagrados; a Deusa está em tudo, e tudo faz parte da Deusa. O mundo é apenas uma expressão de sua bondade. Existem muitos sistemas filosóficos - como o taoísmo ou o budismo - que eliminam a idéia da distinção entre o criador e a criatura. As pessoas não tentam mais decifrar o mistério da vida, e sim fazer parte dele.
No culto da Grande Mãe, o que chamamos de "pecado", geralmente uma transgressão de códigos morais arbitrários, é bem mais flexível. Os costumes são mais livres, porque fazem parte da natureza, e não podem ser considerados como frutos do mal. Se Deus é mãe, então tudo que é necessário é juntar-nos aos ciganos e adorá-la através de ritos que procuram satisfazer sua alma feminina - como a dança, o fogo, a água, o ar, a terra, os cantos, a música, as flores, a beleza.
A tendência vem crescendo de maneira gigantesca nos últimos anos. Talvez estejamos diante de um momento muito importante na história do mundo, quando finalmente o Espírito se integra com a Matéria, os dois se unificam, e se transformam.

REZAS CIGANAS

REZAS CIGANAS
Em seu livro, Ciganos no Brasil, Melo Moraes Filho relaciona diversas rezas utilizadas pelos ciganos.
Eis algumas:
Reza de quebranto
Jesus seja comigo
E Jesus fale por mim
Se Jesus Falar por mim
Não haverá que se oponha
Contra mim
Esta oração deve ser pronuncida ao meio-dia ou à meia-noite,
depois do que defuma-se a criança que tem quebranto ou bucho-virado, acrescentando:
Nossa senhora defumou
O seu amado Filhinho
Pra cheirarEu a ti se te defumo
É pra sarar

Reza para obter-se o que é difícil
Rita sois dos impossíveis
De Jesus sois estimada
Sois a minha protetora
Rita minha advogada
Vós aflita e atingida
Correstes para os pés da cruz
Eu aflita e afligida
Me lanço aos pés de Jesus
Apesar de termos colhido da boca de legítimas calins estas orações, notamos que, do mesmo modo por que podem ser delas, podem ser uma assimilação.
São exceções.
O caráter das precedentes e das que se seguem é diverso.

Reza para ver-se a quem está ausente
Fulano, por detrás te vejo em cruz; e por mim, fulano, o sol e a luz!
Fulano, tu irás e acharás; em busca de mim, fulano, tu tornarásFulano,
Deus é; Deus quer; Deus pode tudo quanto quer
Assim, fulano, tu acabarás em bem, Amém

Reza contra bicheiras e insetos
Bichos maus, que fazeis, que comeis, que a Deus não levais?
Permita Jesus do Céu que caiam de um em um, de dois em dois, de três em três, de quatro em quatro, de cinco em cinco, de seis em seis, de sete em sete, de oito em oito, de nove em nove – Assim como Jesus é filho da Virgem de Nazaré.
A cada palavra, a cada frase, fustigam com galhos de arruda ou alecrim a úlcera verminosa, gavetas onde há traças, cupim, etc.

Reza para fazer aparecer negro fugido
Almas! almas! almas! – As três que morreram enforcadas; as três que morreram degoladas; as três que morreram afogadas – Todas três, todas seis, todas nove, que se incorporem no coração de fulano! – Que ele não possa alar, nem sossegar, nem aliviar, sem por esta porta entrar!
Esta invocação declamam, suspendendo uma enorme pedra, que colocam sobre a roupa do delinqüente, torcida em rodilha atrás da porta quando o sino bate meio-dia.
O processo repete-se por três dias consecutivos, no momento convencionado, e, asseguraram-nos as ciganas, ser seguido de êxito.

Reza para chamar a quem está longe
Fulano, eu não tenho por quem te mande buscar, nem por quem te mande abalar, nem por quem te mande quebrar as mãos, cordas do coração! – Só tenho quatro familiais, que estes moram nos Paraísos Infernais! – Vem! Que estes não possam ter sossego, sem que entres por esta porta a dentro!"

Reza para ter-se notícias de alguém ou saber-se o que se deseja
Meu poderoso São Pedro, príncipe de todos os apóstolos, que três vezes dissestes e logo vos arrependestes – Uma cova funda fizestes, onde ouvistes uma voz do céu dizer-vos: - Pedro, assim como isto é verdade ou mentira, mostra-me pela voz do povo...
Durante horas esquecidas dedilham no rosário esta oração, sentadas à porta da rua, e, das palavras ditas ao acaso pelos transeuntes, fazem combinações a que dão inteiro crédito.
Acrescentam elas que o encanto quebra-se, se quem reza fala ou responde a quem lhe questiona.

Reza para prevenir acontecimentos funestos
Eu, fulano, vejo hoje a luz para me encomendar a meu Deus filho da Virgem Maria: - Andarei tão seguramente como andou meu Senhor Jesus Cristo no ventre de Maria Santíssima: - Que nem meus inimigos, nem seus contrários, nem seus adversários, nunca ofenderam.
Assim, minha Mãe Santíssima da Conceição, não será o meu corpo ofendido, o meu sangue derramado, nem mal sentenciado.
Hoje, neste dia, em qualquer hora, com o sangue de meu Senhor Jesus Cristo, andará o meu corpo borrifado, e com o leite de Maria Santíssima andará coberto.
Ó Virgem pura, não fostes vós aquela Senhora, que dissestes pela vossa sacratíssima boca, que todo aquele que por vós chamasse cento e cinqüenta vezes havia de ser valido?
Pois hoje é ocasião. Valei-me, Virgem pura da Conceição!
Se vires, minha Mãe Santíssima, alguma má sentença dada hoje, neste dia, contra meu corpo, pela vossa mão direita será tirada e pela esquerda revogada. Amém.
(MORAES FILHO, Melo. Os ciganos no Brasil e Cancioneiro dos ciganos)

O POVO DAS ESTRELAS


O povo cigano tem em sua tradição a fama de mágico, misterioso e dono de grande sabedoria nas artes adivinhatórias.
As mulheres são vistas como modelo de sensualidade e sensibilidade, os homens de virilidade e magnetismo.
A música cigana tem, sem a menor dúvida, uma melodia que alimenta nossas fantasias e a dança é um tributo a alegria, a sensualidade, mas a música e a dança cigana são muito mais do que isso.
Eles vieram das estrelas diretamente para o interior da terra e, após um período de adaptação, subiram à superfície.
E até hoje, os Ciganos esperam pelo momento de regressar ao Cosmo. Nada mais pode ser contado sobre essa história, pois se trata de um dos seus "segredos" mais bem preservados.
A história registra seu aparecimento há mais de 3.000 anos, ao norte da Índia, na região de Gujaratna localizada na margem direita do Rio Send (atual Meganistão).
Mas, entre 950 e 1000 d.e., fugindo das guerras e dos invasores estrangeiros (inclusive de Tamerian, descendente de Gengis Khan), as tribos se mudaram para o Egito (daí o nome "gypsies" em inglês e "gitanos" em espanhol, que significa egípcio).
De lá partiram em duas direções: O grupo Pechen atingiu a Europa através da Grécia; o Beni chegou até a Síria e a Palestina.
Daí surgiu diversos clãs: o Kalê (da Península Ibérica); o Hoharano (da Turquia); o Matchuaiya (da Iugoslávia); o Moldovan (da Rússia) e o Kalderash (da Romênia).Seus nomes se latinizaram (de Sindel para Miguel; de András para André; de Pamuel para Manuel, etc.). Em 1447, estavam entrando em solo espanhol e se chamavam "ruma calk" (que significa homem dos tempos) e falavam o Caló (um dialeto indiano oriundo da região do Maharata). Traziam consigo a música, a dança, as palmas, as batidas dos pés e o ritmo quente do "flamenco", que se origina do árabe "felco" (camponês) e "mengu" (fugitivo). E desde o séc. XVIII passou a ser sinônimo de "cigano andaluz".
No Brasil, estima-se que os Ciganos começaram a chegar ao século XVI, nos estados da Bahia e de Minas Gerais, ainda nos tempos da colônia.
No século XVIII foram vistos em São Paulo, mas foram expulsos da cidade. Mas, no século XIX já estavam inseridos na população e eram aceitos pela classe alta.Em sua maioria, os ciganos são artistas (de muitas artes, inclusive a circense); e exímios ferreiros, fabricando seus próprios utensílios domésticos, suas jóias e suas selas.
São hábeis também manufaturando tachos, artesanato (principalmente em cobre - o metal nobre desse (povo), consertando panelas, vendendo cavalos, (atualmente vendem carros); fazendo e lendo as cartas ciganas para ver a "buena dicha" (boa sorte).
Na verdade cigano que se preza, antes de ler a mão, lê os olhos das pessoas (os espelhos da alma) e tocam seus pulsos (para sentirem o nível de vibração energética) e só então é que interpretam as linhas das mãos. A prática da Quiromancia não é interpretada como um mero sistema de adivinhação, mas, acima de tudo um inteligente esquema de orientação sobre o corpo, a mente e o espírito; sobre a saúde e o destino.
Tudo isso foi aprendido interagindo diretamente com a natureza.
Muito antes da palavra "ecologia" ser conhecida, os ciganos já buscavam uma ampla harmonia entre o homem e a natureza, respeitando seus ciclos naturais e sua força geradora e provedora.
Isso explica o grande lema do Povo Cigano:
"O Céu é meu teto; a Terra é minha Pátria e a Liberdade é minha religião",
que traduz um espírito essencialmente nômade e livre dos condicionamentos das pessoas normais geralmente cerceadas pelos sistemas aos quais estão subjugadas.
O líder de cada grupo cigano chama-se Barô/Gagú e é quem preside a Kris Romanis (Conselho de Sentença, para o povo Rom) com suas próprias leis e códigos de ética e justiça, onde são resolvidas todas as contendas e esclarecidas todas as dúvidas entre os ciganos liderados pelos mais velhos.
O mestre de cura (ou xamã cigano) é um Kakú (homem ou mulher) que possui dons de grande paranormalidade.
Eles usam ervas, chás e toques curativos.
Os ciganos geralmente se reúnem em tribos para festejar os ritos de passagem: o Nascimento, a Morte, o Casamento e os Aniversários; e acreditam na Reencarnação (mas não incorporam nenhum espírito ou entidade).
Cantam e dançam na alegria e na tristeza, pois para o cigano a vida é uma festa e a natureza que o rodeia a mais bela e generosa anfitriã.
Onde quer que estejam os ciganos são logo reconhecidos pelas suas roupas e ornamentos, e, Principalmente seus hábitos ruidosos.
São um povo cheio de energia e grande dose de passionalidade.
São peculiares dentro do seu próprio código de ética; honra e justiça; senso, sentido e sentimento de liberdade que contagiam e incomodam qualquer sistema.
Estão sempre reunidos nos campos, nas praias, nas feiras e nas praças, sempre transmitindo sua cultura.
As crianças ciganas normalmente freqüentam até o Primeiro Grau nas escolas dos gadjés (não - ciganos), para aprenderem apenas a escrever o próprio nome e fazer as quatro operações aritméticas.
A maioria das crianças não vai à escola com receio do preconceito existente em relação a elas.
Os idosos e todos os membros do grupo educam as crianças de todos, dentro dos princípios e normas próprios de uma tradição puramente oral, cujos ensinamentos são passados de pai para filho ou de mestre para discípulo, através das histórias contadas e das músicas tocadas em tomo das fogueiras acesas e das barracas coloridas sempre montadas ao ar livre (mesmo no fundo do quintal das ricas mansões dos ciganos mais abastados).
Claro que com o acelerado processo de aculturação, um bom número de ciganos, disfarçadamente, está freqüentando as universidades e até ocupando cargos de importância na vida pública do país.
Alguns são médicos, dentistas, engenheiros, e advogados.
Porém os de maior expressão na sociedade são artistas plásticos, comerciantes, joalheiros e músicos famosos.

terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

ORIGENS

Há uma lenda cigana, passada por gerações e gerações, que diz que o povo cigano foi guiado por um rei no passado e que se instalaram em uma cidade da Índia chamada Sind onde eram muito felizes.
Mas em um conflito, os muçulmanos os expulsaram , destruindo toda a cidade. Desde então foram obrigados a vagar de uma nação a outra...
Outras informações sobre as origens dos ciganos foram obtidas através de estudos lingüísticos feitos a partir do século passado.
A comparação entre os vários dialetos que constituem a língua cigana, chamada romaní ou romanês, e algumas línguas indianas, como o sânscrito, o prácrito, o maharate e o punjabi, permitiu que se estabelecesse com certeza a origem indiana dos ciganos.
A razão pela qual abandonaram as terras nativas da Índia permanece ainda envolvida em mistério. Parece que eram originariamente sedentários e que devido ao surgimento de situações adversas, tiveram que viver como nômades.
Segundo outra lenda, narrada pelo poeta persa Firdausi no século V d.C., um rei persa mandou vir da Índia dez mil Luros, nome atribuído aos ciganos, para entreter o seu povo com música.
É provável que a corrente migratória tenha passado na Pérsia, mas em data mais recente, entre os séculos IX e X. Vários grupos penetraram no Ocidente, seja pelo Egito, seja pela via dos peregrinos, isto é, Creta e o Peloponeso.
O caráter misterioso dos ciganos deixou uma profunda impressão na sociedade medieval.
Mas a curiosidade se transformou em hostilidade, devido aos hábitos de vida muito diferentes daqueles que tinham as populações sedentárias.
A presença de bandos de ex-militares e de mendigos entre os ciganos contribuiu para piorar sua imagem.
Além disso, as possibilidades de assentamento eram escassas, pois a única possibilidade de sobrevivência consistia em viver às margens das sociedades.
Os preconceitos já existentes eram reforçados pelo convencimento difundido na Europa que a pele escura fosse sinal de inferioridade e de malvadeza.
Os ciganos eram facilmente identificados com os Turcos porque indiretamente e em parte eram provenientes das terras dos infiéis, assim eram considerados inimigos da igreja, a qual, condenava as práticas ligadas ao sobrenatural, como a cartomancia e a leitura das mãos que os ciganos costumavam exercer.
A falta de uma ligação histórica precisa a uma pátria definida ou a uma origem segura não permitia o reconhecimento como grupo étnico bem individualizado, ainda que por longo tempo haviam sido qualificados como Egípcios.
A oposição aos ciganos se delineou também nas corporações, que tendiam a excluir concorrentes no artesanato, sobretudo no âmbito do trabalho com metais. O clima de suspeitas e preconceitos se percebe na criação de lendas e provérbios tendendo a por os ciganos sob mau conceito, a ponto de recorrer-se à Bíblia para considerá-los descendentes de Caim, e portanto, malditos (Gênesis 9:25).
Difundiu-se também a lenda de que eles teriam fabricado os pregos que serviram para crucificar Cristo (ou, segundo outra versão, que eles teriam roubado o quarto prego, tornando assim mais dolorosa a crucificação do Senhor).
Dos preconceitos á discriminação, até chegar as perseguições.
Na Sérvia e na Romênia foram mantidos em estado de escravidão por um certo tempo; a caça ao cigano aconteceu com muita crueldade e com bárbaros tratamentos.
Deportações, torturas e matanças foram praticadas em vários Estados, especialmente com a consolidação dos Estados nacionais.
Sob o nazismo os ciganos tiveram um tratamento igual ao dos judeus: muitos deles foram enviados aos campos de concentração, onde foram submetidos a experiências de esterilização, usados como cobaias humanas.
Calcula-se que meio milhão de ciganos tenha sido eliminado durante o regime nazista.
Atualmente, os ciganos estão presentes em todos os países europeus, nas regiões asiáticas por eles atravessadas, nos países do oriente médio e do norte da África. Na Índia existem grupos que conservam os traços exteriores das populações ciganas: trata-se dos Lambadi ou Banjara, populações semi-nômades que os "ciganólogos" definem como "Ciganos que permaneceram na pátria".
Nas Américas e na Austrália eles chegaram acompanhando deportados e colonos; sucessivamente estabeleceram fluxos migratórios para aquelas regiões. Recentes estimativas sobre a consistência da população cigana indicam uma cifra ao redor de 12 milhões de indivíduos.
Deve-se salientar que estes dados são aproximados, pois na ausência de censos, esses se baseiam em fontes de informação nem sempre corretas e confirmadas.
Na Itália inicialmente o grupo dos Sintos representava uma grande maioria, sobretudo no Norte; mas nos últimos trinta anos esse grupo foi progressivamente alcançado e às vezes suplantado pelo grupo dos Rom provenientes da vizinha antiga Iugoslávia e, em quantidades menores, de outros países do leste europeu.
Na Itália meridional já estava presente há muito tempo o grupo dos Rom Abruzzesi, vindos talvez por mar desde os Balcãs.
A ORIGEM
A origem indiana dos ciganos é hoje admitida por todos os estudiosos.
População indo-européia, mais especialmente indo-iraniana: não há dúvidas quanto ao que diz respeito à língua e à cultura.
Os indianistas modernos, no entanto, têm tendência a não considerá-lo um grupo homogêneo, mas um povo viajante muito antigo, composto de elementos diversos, alguns dos quais poderiam vir do sudeste da Índia.
A maior parte dos indianistas, porém, fixa a pátria dos ciganos no noroeste da Índia. A maioria, igualmente, os ligam à casta dos párias.
Isso em parte por causa de seu aspecto miserável, que não se deve a séculos de perseguição, pois foi descrito bem antes da era das perseguições.
Também por causa dos empregos subalternos e das profissões geralmente desprezadas na Índia contemporânea pelos indianos que lhes parecem estreitamente aparentados.
Um dos nomes mais freqüentemente dados aos ciganos era o de Egypcios.
Por que esse nome, por que os títulos de duque ou conde do Pequeno Egito adotados com freqüência pelos chefes ciganos?
Uma crônica de Constâncio menciona os "Ziginer", que visitam, em 1438, a cidade de uma ilha "não distante do Pequeno Egito".
Um dos principais centros na costa do Peloponeso encontrava-se ao pé do monte Gype, conhecido pelo nome de Pequeno Egito.
Pode-se perguntar por que o local era chamado de Pequeno Egito.
Não seria justamente por causa da presença dos Egypcios?
O certo é que não pode se tratar do Egito africano. O itinerário das primeiras migrações ciganas não passa pela África do Norte.
O geógrafo Bellon, ao visitar o vale do Nilo no século XVI, encontra, diz ele, pessoas designadas de Egypcios na Europa, pessoas que no próprio Egito eram consideradas estrangeiras e recém-chegadas.
Nenhum argumento histórico ou lingüístico permite confirmar a hipótese de algum êxodo dos ciganos do Egito, ao longo da costa africana para ganhar, pelo sul, a península ibérica.
Ao contrário, os ciganos chegaram à Espanha pelo norte, depois de terem atravessado toda a Europa.
O cigano designa a si próprio como Rom, pelo menos na Europa (Lom, na Armênia; Dom, na Pérsia; Dom ou Dum, Síria) ou então como Manuche.
Todos esses vocábulos são de origem indiana (manuche, ou manus, deriva diretamente do sânscrito) e significam "homem", principalmente homem livre. "Rom" e "Manuche" se aplicam a dois dos principais grupos ciganos da Europa Ocidental.
Uma designação logrou êxito, a de uma antiga seita herética vinda da Ásia Menor à Grécia, os Tsinganos, dos quais subsistia - quando da chegada dos ciganos à terra bizantina - a fama de mágicos e adivinhos.
Os gregos diziam Gyphtoï ou Aigyptiaki; os albaneses, Evgité. Depois que partiram das terra gregas, ficou-lhes esse nome, sob diversas formas.
O nome Égyptien era de uso corrente na França do séc. XV ao XVII. Em espanhol, Egiptanos, Egitanos, posteriormente Gitanos (de onde surgiu Gitans em francês); às vezes em português Egypcios; em inglês Egypcians ou Egypcions, Egypsies, posteriormente Gypsies; em neerlandês, Egyptenaren, Gipten ou Jippenessen.
LÍNGUA
A língua cigana (o romani) é uma língua da família indo-européia.
Pelo vocabulário e pela gramática, está ligada ao sânscrito.
Fazendo parte do grupo de línguas neo-indianas, é estreitamente aparentada a línguas vivas tais como o hindi, o goujrathi, o marathe, o cachemiri.
No entanto, eles assimilariam muitos vocábulos das línguas dos países por onde passaram.
RELIGIÃO
Os ciganos, ao deixarem a Índia, não carregaram suas divindades.
Eles possuíam na sua língua apenas uma palavra para designar Deus (Del, Devel). Eles se adaptaram facilmente às religiões dos países onde permaneceram.
No mundo bizantino, tornaram-se cristãos. Já no início do século XIV, em Creta, praticavam o rito grego.
Nos países conquistados pelos turcos, muitos ciganos permaneceram cristãos enquanto que outros renderam-se ao Islã.
Desde suas primeiras migrações em direção ao Oeste eles diziam ser cristãos e se conduziam como peregrinos.
A peregrinação mais citada em nossos dias, quando nos referimos aos ciganos, é a de Saintes-Maries-de-la-Mer, na região da Camargue (sul da França). Antigamente era chamada de Notres-Dames-de-la-Mer.
Mas não foi provado que, sob o Antigo Regime, os ciganos tenham tomado parte na grande peregrinação cristã de 24 e 25 de maio, tão popular desde a descoberta no tempo do rei René, das relíquias de Santa Maria Jacobé e de Santa Maria Salomé, que surgiram milagrosamente em uma praia vizinha.
Nem que já venerassem a serva das santas Marias, Santa Sara a Egípcia, que eles anexarão mais tarde como sua compatriota e padroeira.
A origem do culto de Santa Sara permanece um mistério e foi provavelmente na primeira metade do século XIX que os Boêmios criaram o hábito da grande peregrinação anual à Camargue
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